A Teologia do Século 20 – e os anos críticos do século 21: Deus e o mundo numa era líquida, de Stanley J. Grenz e Roger E. Olson, é uma obra abrangente que traça um panorama das principais correntes teológicas do século XX, contextualizando-as nas transformações culturais e filosóficas que marcaram a transição da modernidade para a pós-modernidade.
Os autores iniciam a análise destacando o impacto do Iluminismo na teologia, enfatizando como a ênfase na razão e na autonomia humana desafiou as estruturas tradicionais de autoridade e fé. Essa mudança de paradigma levou a uma reavaliação das doutrinas cristãs, influenciando profundamente o desenvolvimento teológico subsequente.
O livro examina diversas correntes teológicas que emergiram em resposta às mudanças culturais e filosóficas:
- Teologia Liberal: Influenciada por pensadores como Friedrich Schleiermacher, que buscou reconciliar a fé cristã com a razão moderna, enfatizando a experiência religiosa individual.
- Teologia Dialética: Representada por Karl Barth, que reagiu contra o liberalismo teológico, reafirmando a transcendência de Deus e a centralidade da revelação divina.
- Teologia Existencialista: Inspirada por filósofos como Søren Kierkegaard e Martin Heidegger, focalizou a existência individual e a experiência subjetiva da fé.
- Teologia da Libertação: Originada na América Latina, enfatizou a preocupação com a justiça social e a opção preferencial pelos pobres, integrando a fé cristã com a ação política.
- Teologia Feminista: Desafiou as interpretações patriarcais da teologia, buscando uma reinterpretação das Escrituras e das doutrinas cristãs a partir da perspectiva das mulheres.
Um tema central na obra é a tensão entre a transcendência e a imanência de Deus. Os autores exploram como diferentes correntes teológicas abordaram essa relação, desde a ênfase na transcendência divina na teologia dialética até a valorização da presença de Deus no mundo na teologia da libertação.
Grenz e Olson discutem os desafios que a teologia enfrenta na era pós-moderna, caracterizada por relativismo, pluralismo e desconfiança em relação às metanarrativas. Eles argumentam que a teologia deve dialogar com essas questões, mantendo a fidelidade à tradição cristã enquanto responde às preocupações contemporâneas.
A obra se destaca por sua abordagem acessível e abrangente, tornando-se uma referência para estudantes, teólogos e leigos interessados em compreender as complexidades da teologia no século XX e suas implicações para o século XXI. Ao contextualizar as correntes teológicas nas transformações culturais e filosóficas, os autores oferecem uma visão crítica e informada do desenvolvimento teológico recente.