"O Santo Graal e a Linhagem Sagrada" (título original: The Holy Blood and the Holy Grail), escrito por Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado em 1982, é um livro que mistura história, teoria conspiratória e especulação religiosa de maneira ousada e instigante. A obra propõe uma interpretação radicalmente diferente da figura de Jesus Cristo, da natureza do Santo Graal e das origens do cristianismo europeu.
O ponto de partida do livro é uma investigação sobre a pequena vila francesa de Rennes-le-Château, onde o abade Bérenger Saunière teria encontrado algo misterioso no final do século XIX, levando a um enriquecimento inexplicável. A partir desse episódio, os autores constroem uma teia de ligações entre documentos antigos, sociedades secretas (como o Priorado de Sião), genealogias esquecidas e mitos tradicionais. O fio condutor da narrativa é a hipótese de que o Santo Graal não seria um objeto físico, como tradicionalmente imaginado, mas sim uma linhagem sagrada: a descendência direta de Jesus Cristo e Maria Madalena, que teria sobrevivido secretamente na Europa, principalmente através da dinastia merovíngia.
O livro é conduzido com um estilo investigativo quase jornalístico, em que cada pista é apresentada como uma revelação, e os autores convidam o leitor a participar da montagem de um gigantesco quebra-cabeça. Apesar de apoiar-se em fatos históricos reais — documentos medievais, registros genealógicos, tradições esotéricas —, o trabalho toma liberdades criativas importantes, conectando eventos distantes e interpretações dúbias para sustentar a teoria central. Essa mistura de erudição e especulação é ao mesmo tempo o maior charme e o principal ponto fraco do livro. Críticos acadêmicos consideram a metodologia dos autores falha, muitas vezes baseada em suposições frágeis ou associações circunstanciais, mas o impacto cultural da obra foi enorme, alimentando o interesse popular por temas como o Graal, os Templários, os mistérios do cristianismo e as sociedades secretas.
Além disso, o livro teve uma influência clara em muitas obras de ficção posteriores, sendo a mais famosa O Código Da Vinci de Dan Brown, que herdou diretamente várias ideias centrais de O Santo Graal e a Linhagem Sagrada.
A leitura é densa em detalhes e conexões históricas, mas, ao mesmo tempo, tem ritmo ágil e envolvente, quase como um thriller intelectual. Para leitores interessados em mistérios históricos, mitologia cristã alternativa ou teorias de conspiração refinadas, é uma leitura fascinante — ainda que seja preciso manter o senso crítico ligado o tempo todo, lembrando que o livro se situa mais no terreno da especulação criativa do que da história rigorosa.